A melodia agitada é característica das canções da banda Whipallas. No novo trabalho do grupo, o EP2, além de fazer dançar, eles trazem letras reflexivas que falam sobre relacionamentos, política, filosofia e até pokémons. É essa forma de tratar de diversos assuntos sem perder a veia rock n’ roll que faz do Whipallas uma banda que se supera a cada lançamento. O novo álbum está disponível nos serviços de streaming.
Gravado no estúdio Sonido, em São Paulo, o EP traz uma sonoridade que complementa o lançamento anterior, o EP “Whipallas”, de 2016. Enquanto o trabalho prévio trazia influências que iam do indie contemporâneo aos clássicos da década de 60 e 70, o álbum atual foca em uma experiência mais intensa, com canções que trazem o tempero do funk americano e a malemolência do indie rock britânico do início dos anos 2000. É com esse material que a banda fecha um ciclo que começou no ano passado.
“É como se tivéssemos encerrado uma primeira etapa da banda, quase que um lado B de um disco cheio, afinal são 12 músicas até aqui que conversam de alguma forma. E foi muito interessante também porque desta vez tivemos uma experiência mais intensa de criação, exploramos outras sonoridades e elementos, mas sem perder a conexão com o primeiro EP. Estamos muito felizes com o resultado”, conta Pedro Lenz, voz e guitarra.
O EP chega com grandes expectativas, isso graças aos singles já lançados, “Boogie Boogie”, “Need a Hand” e “Do not Disturb”, que mostraram ao público um gostinho do que estava por vir. Com seis faixas, o novo trabalho também conta com as canções “To be True”, “Back to Work” e “Darwin”. Cada uma das composições traz em sua letra irônica e bem humorada um retrato do cotidiano, seja na área dos relacionamentos ou na esfera política.
Abrindo os trabalhos, o primeiro single lançado, “Boogie Boogie”, traz no clipe estrelado pelo ator Tonico Pereira a história de um amor mal resolvido, com uma melodia meio soul e dançante. A ideia de transportar o romance para o universo de um casal idoso veio das referências que a banda tem de seus próprios familiares - como a avó do Pedro Lenz, com 95 anos e uma personalidade enérgica.
Assista o clipe de “Boogie Boogie”:
A segunda faixa, “Need a Hand” traz elementos do dub que contrastam com a energia dançante do rock n’ roll. Criada a partir de um riff e um refrão, a letra sarcástica e irônica traz um olhar crítico em relação aos figurões da sociedade. “Ela fala muito sobre esses seres engravatados de hoje em dia que não nos representam, é um recado debochado aos líderes que não lideram, aos poderosos que não empoderam, quase como se a gente dissesse ‘Tá difícil de se enxergar? Quer uma mãozinha aí? Não por acaso fizemos o vídeo teaser com o Trump, da mão que não o cumprimenta (risos)’, explica Pedro.
Em contraste à ironia apresentada na canção anterior, em “To be True” o amor de um pai para com o seu filho é a temática que guia a melodia doce, lembrando o rock da década de 50. Em homenagem ao filho do vocalista e guitarrista, prestes a nascer, a música saiu do improviso surgido dos acordes de Marcio Biaso e cresceu como uma declaração de amor e cumplicidade.
Como se cada música expandisse um novo universo, “Do not Disturb” é um chute na porta. “Começamos constatando tudo de ruim que estamos vivendo como sociedade, mas de um jeito exagerado. Falamos de invasão alienígena, pokémons e outras coisas mais. Mas quando chegamos no refrão, percebemos que tinha algo diferente, pra acalmar, uma espécie de mantra”, conta o cantor e guitarrista. O vocal rasgado na letra virou um desabafo e traz como principal imagem o bebê que não quer ser incomodado por nada no mundo, nenhum barulho ou manchete de jornal.
Mais uma das canções que surgiram de um ensaio livre, “Back to Work” é a quinta faixa do EP. No improviso, surgiu um riff de baixo, outro de guitarra, uma levada de bateria diferente e, de maneira orgânica, ganhou forma uma das canções mais agitadas do disco. A última faixa do trabalho, “Darwin”, foi composta após o acidente com o time da Chapecoense, em dezembro de 2016, e se tornou uma análise da efemeridade da vida, da imprevisibilidade dos acontecimentos.
Considerado pelo Spotify uma das apostas para a música brasileira em 2017, o Whipallas é formado por Pedro Lenz (vocal e guitarra), Bernardo Massot (teclado e synth), Jayme Monsanto (baixo), Marcio Biaso (guitarra) e André Coelho (bateria). Para o Whipallas, o novo trabalho é uma espécie de lado B do primeiro compacto, mas sem abrir mão de novas inspirações e direções criativas.
Ouça o EP2: https://milkdigital.lnk.to/WhipallasEP2
Whipallas - Whipallas (2017)
Boogie Boogie
(Jayme Monsanto/Pedro Lenz)
Need A Hand
(Pedro Lenz)
To Be True
(Márcio Biaso/Pedro Lenz)
Do Not Disturb
(Pedro Lenz)
Back To Work
(Pedro Lenz/Jayme Monsanto/André Coelho)
Darwin
(Pedro Lenz/André Coelho/Jayme Monsanto)
Produção: Whipallas
Mixagem: Bernardo Massot
Nenhum comentário:
Postar um comentário