O poeta, jornalista e ensaísta, Florisvaldo Mattos, que festeja sábado 85 anos de vida, merece grandes homenagens, não só pela profícua carreira, mas pelo perfil humanista de sua obra poética, que aposta nos valores essenciais do ser humano. Os leitores, entretanto, é quem serão presentados com o lançamento do oitavo livro de poesia de Mattos, membro da Academia de Letras da Bahia.
Trata-se de "Estuário dos Dias e Outros Poemas", que reúne 97 textos inéditos. A obra, edição da Caramurê Publicações, com ilustrações do artista plástico e editor Fernando Oberlander, será lançada amanhã, às 19 horas, no Palacete das Artes, localizado na Graça.
Florisvaldo Mattos tem 53 anos de jornalismo e publicou ao longo de sua carreira oito livros de poesias, três de ensaios, uma peça de teatro ("Valentino") e um conto ("Fuga"). Na apresentação de "Estuário dos Dias e Outros Poemas", ele recupera um texto do escritor Jorge Amado, escrito em 1965, sobre seu primeiro livro, "Reverdor". O texto de Amado, lido na Academia de Letras e reproduzido pelo Diário de Notícias, é visionário: “Pois bem: à base desse único livro eu me arrisco a falar em grande poeta, pelo menos em grande poeta jovem e em poesia madura”, destaca Amado.
“Oitentão admirável”
Florisvaldo Mattos, que também assina a apresentação de seu oitavo livro, demonstra como a sua criatividade e vigor literário são reconhecidos pelos pares. Ele conta que ao postar um inédito da internet, o poeta Antonio Brasileiro, arrematou: “Oitentão que é, isso é mais que admirável”.
Modesto, Mattos afirma na apresentação: “Perdoando-lhe o excesso, curvei-me, sensibilizado, diante desta gentileza, ao ver ali quase a repetição o que dissera Jorge Amado, com palavras igualmente benignas, quando publiquei "Reverdor", meu primeiro livro”.
Pois é poeta, poucos são os que são reconhecidos por nomes tão importantes na infância e na maturidade. E mais: quando se sabe que Florisvaldo atuou mais de 50 anos no jornalismo (nos mais diferentes cargos, inclusive de diretor de redação), que exige grande entrega, e ainda exerceu o cargo de professor da Universidade Federal da Bahia (atualmente aposentado), só nos resta aplaudir de pé tamanho talento, comprometimento, obstinação e vitalidade.
Fundamento memorialístico
O livro que agora chega ao público se divide em quatro partes. A primeira, que dá título à obra, traz um conjunto de poemas com fundamento memorialístico. Os textos evocam experiências infantojuvenis, num período que cobre da infância à adolescência.
Na segunda parte da publicação, "Borderô de Tardes Lúdicas", o poeta brinda o leitor com cinco sonetos e há tributo ao futebol, revelando também sensações da juventude com o esporte, que causava no poeta uma mistura de ansiedade com alegria.
Na terceira parte, "Vozes do Tempo" e "Canto da Existência", o poeta afirma que “transita pela geografia de um tempo em que o homem ainda não existia”. Ele foi tocado por leitura de um poema do francês Jules Laforgue, "Soir de Carnaval". Mattos acrescenta: “É um devaneio sobre a terra antes da existência do homem, bem onírico”. Seguem outros poemas dos mais variados temas.
Por fim, na última parte, intitulada "Gavetas de Guardados e Bornal de Afetos", ele recupera escritos que ficaram engavetados. Obras adormecidas que agora foram despertadas. Os poemas também homenageiam amigos.
Outros projetos
O poeta, que se reconhece humanista, tem outros projetos, entre os quais o de concluir um texto sobre a boemia literária e artística da Bahia nas décadas de 1950 e 1960. Florisvaldo Mattos também pretende publicar obra do poeta Jair Gramacho e um novo livro de ensaios sobre a a Academia dos Rebeldes, movimento literário para implantar o modernismo na Bahia. Em plena forma, o jornalista dedica o livro a sua querida esposa Vera Pessoa e aos seus três filhos e cinco netos.
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